domingo, 28 de outubro de 2012

Possibilitando memórias



Após o lançamento da canção O Chafariz, venho recebendo inúmeras mensagens e críticas que deixaram-me muito feliz. Talvez seja por isto que ainda valha a pena acreditar, usar o Rap como luta, como memória.

Leia e também se emocione.


"1989, eu e meu pai saímos da casa alugada portando algumas ferramentas: enchada, facão, enchadeco, para capinar o que seria nossa futura residência. Como chegar: através do 367 da TCB, única linha de coletivo. Junto a nós aquele ônibus transportava outros desbravadores.

Por entre o cerrado fomos a procura de alguns piquetes que identificassem o local. Achado a "agulha" iniciamos a capinação.

Meus pais me deram uma incumbência, proteger os tijolos e algumas telhas compradas com ajuda de amigos. Um pequeno abrigo foi feito, pronto, o primeiro membro da família a se mudar definitivamente para a cidade de Samambaia, cidade ainda não, cerrado.

12 anos de idade, e o pensamento em começar uma vida nova, com casa própria, duas semanas após, estava pronta. Sem reboco, tijolo a vista, muro não havia, assim, forçadamente foram surgindo novas amizades, empréstimo de ferramentas era o início de uma conversa.

Rua de cascalho, água no Chafariz, iluminação pública não havia, o que fazia as noites mais lindas.

Estudo só em outra cidade, a boca da mata virou romaria de estudantes buscando o crescimento educacional. Poeira era o de menos, respirávamos o novo, e assim foi crescendo.

Aqui encontrei amigos e esposa. Minha filha, hoje 7 anos, nasceu nessa cidade, orgulhosa se diz "Samambaiensa". orgulho também do pai."

Por Cleres Dantas

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